A delimitação da história da educação infantil por pesquisadores de vários países tem demonstrado que a concepção de infância é uma construção histórica e social, e nesse período estavam ocorrendo diversas discussões sobre a criança e o desenvolvimento infantil.
Desse modo a educação da criança pequena em creches e pré-escolas, onde práticas educativas e conceitos básicos foram construídos com bases em situações sociais concretas, começaram a surgir os debates para as regulamentações e leis.
Então, ao longo dos séculos, o cuidado e a educação das crianças pequenas era responsabilidade familiar, sobretudo da mãe e de outras mulheres. Logo após o período de amamentação a criança era vista como pequeno adulto e quando encerrava o período de dependência, para atender suas próprias necessidades físicas passava a ajudar os adultos nas atividades rotineiras e assim aprendia o essencial para o convívio social. Nas classes mais privilegiadas as crianças em geral eram vistas como objeto divino, secreto e sua transformação em adulto se fazia pelo direto aprofundamento no ambiente doméstico.
A creche é um termo francês que significa manjedoura, presépio. O termo asilo nido equivale ninho que abriga. "Escola Materna" foi uma nova designação usada para referir-se ao atendimento de guarda e educação fora da família a crianças pequenas. Durante muitos anos a educação da criança pequena era restrito exclusivamente ao contexto doméstico, porém aos poucos foi surgindo a necessidade de ambientes que prestassem o cuidado devido aqueles crianças em condições desfavoráveis, porque a maioria eram abandonadas e necessitavam de locais para abriga-se, na Idade Antiga eram chamados de lares substitutos, já na Idade Média quem era responsável por esse recolhimento eram as entidades religiosas, então as idéias de abandono, pobreza e caridade nesse período impregnam, a precariedade de atendimento a esses menores, e que por muito tempo vão permear determinadas concepções acerca do que é uma instituição que cuida da educação infantil, ressaltando o lado negativo do atendimento fora da família.
Dessa forma nos séculos XV e XVI, foram criados novos modelos educacionais pelo fato da sociedade européia está em constante desenvolvimento científico, a expansão comercial e as atividades artísticas, ocorridos no período do Renascimento e tudo isso foi um estimulo para surgir novas visões sobre a criança e como ela deveria ser educada. Erasmo (1465-1530) e Montaigne (1483-1553) foram autores que sustentavam que a educação deveria respeitar a natureza infantil, estimulando assim a atividade da criança e associar o jogo à aprendizagem.
Em consequência a todos as transformações na Europa de uma sociedade agrário-mercantil em urbano-manufatureira ocasiona conflitos e guerras constantes entre as noções, por condições sociais adversas, especialmente para o segmento infantil, já que muitas crianças eram vitimas de pobreza abandono e maus tratos em razão disso foram organizando serviços de atendimento, ao qual eram coordenados por mulheres da comunidade, a crianças pequenas abandonadas por suas famílias ou quando os pais trabalhavam em fábricas e minas resultante da Revolução Industrial.
Gradualmente apareceram organizações mais formais para recebimento de crianças fora da família em instituições de caráter filantrópico, onde eram organizados situações para o pleno progresso infantil de acordo como o destino social da criança era pensado crianças pobres de 2 ou 3 anos eram incluídas nas charity schools ou dame schools ou écoles petites criadas na Inglaterra, França e outros países europeus. Essas instituições não tinham uma proposta instrucional formal mesmo que logo passassem a praticar atividades de canto, de memorização de rezas ou passagens bíblicas e alguns exercícios de pré-escrita ou pré-leitura. Tais ações eram voltados para o desenvolvimento de bons hábitos de comportamento, a internalização de regras morais e de valores religiosos.
Aqueles pioneiros presumia que, como crianças nasciam sob o pecado era dever da família e na falta dela a sociedade corrigi-las desde pequenas. Eles defendiam um rigoroso planejamento do tempo nas escolas, mesmo aquelas que atendiam crianças pequenas, com uma rotina de atividades a serem observadas cotidianamente ressaltando sempre a ideia de auto disciplina, a leitura e a escrita, eram ensinadas a partir dos 6 anos ainda que dentro de um objetivo de ensino religioso, exemplo disso eram as "escolas de tricô" (kntting Schools) criadas pelo pastor protestante Oberlin na região da Alsácia francesa, no final da metade do século XVIII, onde as mulheres da comunidade tomavam conta de grupos de crianças pobres e ensinavam a ler a bíblia e a tricotar.
Outras iniciativas levaram a criação de instituições para atender crianças acima de 3 anos filhos de mulheres operárias. Eram asilos e as Infant Schools, assim como as Nursery Schools, surgidas em Londres com o objetivo de combater as péssimas condições de saúde das crianças da classe desfavorecida daquela cidade, há registros de crianças de 3 anos frequentando classes iniciais da escola obrigatória, embora em uma parcela muito reduzida.
O básico ensinado ai filho do operário era obediência, moralidade, devoção e o valor do trabalho, sem falar que muita das turmas eram compostas por 200 crianças nas salas de asilo parisienses que foram disseminados pela Europa e chegavam até a Rússia, eram recorrentes que grupos com até 100 crianças obedecessem comandos dos adultos dados por apitos.
Com todos os acontecimentos que ocorreram, como a Revolução industrial contribuíram para gerar condições para formulação de um pensamento pedagógico, para era moderna e assim começaram a se tornar mais intenso as discussões sobre a escolaridade obrigatória em vários países da Europa nos séculos XVIII e XIX dando ênfase a importância da educação para o desenvolvimento social, nesse período a criança passa a ser o centro do interesse educativo dos adultos, começou a ser vista como um sujeito de necessidades e objetos de cuidados, tendo assim um período de preparo para ingressar no mundo dos adultos, o que torna a escola como instrumento fundamental, pelo menos para quem tinha condições de frequenta-lá, porque isso não acontecia com as crianças dos extratos sociais mais pobres, pois as elites políticas sustentam que não seria correto para sociedade como um todo que se educassem as crianças pobres, as quais eram submetidas apenas um aprendizado de uma ocupação, porém alguns reformadores protestantes defendiam a educação como um direito universal.
Esse clima influenciou no trabalho dos pioneiros da educação pré-escolar que visavam descobrir novas formas de obediência da criança que eliminassem as punições físicas, até então de uso corrente.
Autores como, Rousseau, Pestalozzi, Decroly, Froebel e Montessori entre outros, estabelecem as bases para um sistema de ensino mais centrado na criança e muitos deles se envolviam com questões sociais críticas (órfãos de guerra, pobreza) e buscavam elaborar propostas de atividades em instituições escolares que compensassem eventuais problemas de desenvolvimento.
Um olhar sobre as novas propostas educacionais
Comênio (1592-1670), educador e bispo protestante checo. No seu livro A escola da infância, publicado em 1628, afirmava que o nível inicial de ensino era o "colo da mãe" e deveria ocorrer dentro dos lares. Em 1637 ele fez um plano de escola maternal em que recomendava o uso da materiais audiovisuais, como livros de imagens, para educar crianças pequenas.
Em oposição ao ideário da Reforma e da Conta-Reforma religiosas no curso na Europa, o filósofo genebrino Jean Jacques Rousseau (1712-1778) criou uma proposta educacional em que combatia preconceitos, autoritarismos e todos as instituições sociais que violentassem a liberdade. Ele se opunha à prática familiar vigente de delegar a educação dos filhos a preceptores, para que estes os tratassem com severidade, e destacava o papel da mãe como educadora natural da criança. Rousseau revolucionou a educação de seu tempo ao afirmar que a infância não era apenas uma via de acesso, um período de preparação para a vida adulta, mais tinha valor em si mesma.
As ideias de Rousseau abriram caminho para as concepções educacionais do suíço Pestalozzi (1746-1827), que também reagiu contra o intelectualismo excessivo da educação tradicional. Ele considerava que a força vital da educação estaria na bondade e no amor, tal como na família, e falava também que a educação deveria cuidar do desenvolvimento afetivo das crianças desde o nascimento. Pestalozzi destacou ainda o valor educativo do trabalho manual e a importância de a criança desenvolver destreza prática.
As ideias de Pestalozzi foram levadas adiante por Froebel (1782-1852), educador alemão, no quadro das novas influencias teóricas e ideológicas de seu tempo- liberalismo e nacionalismo. Influenciado por uma perspectiva mística, uma filosofia espiritualista e um ideal político de liberdade, criou em 1837 um Kinderganten ("jardim-de-infância"). Os jardins-de-infância divergiam tanto das casas assistenciais existentes na época, por incluírem uma dimensão pedagógica, quanto da escola que demonstrava ter, segundo o autor constante preocupação com a moldagem das crianças, praticada de uma perspectiva exterior. Froebel também partia da intuição e da ideia da espontaneidade infantil, preconizando um auto-educação da criança pelo jogo, por suas vantagens intelectuais e morais, além de seu valor no desenvolvimento físico. Elaborou canções e jogos para educar sensações e emoções, enfatizou o valor educativo da atividade manual, confeccionou brinquedos para a aprendizagem da aritmética e da geometria, além de propor que as atividades educativas incluíssem conversas e poesias e o cultivo da horta pelas crianças.
REFERÊNCIAS:
ARIÈS, Philipe. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.
COMÊNIO, João Amos. Didática magna. Rio de Janeiro: Simões, 1954.
INCONTRI, Dora. Pestalozzi: Educação e ética. São Paulo: Scipione, 1997.
LARROYO, Francisco. História geral da pedagogia. São Paulo: Mestre Jou, 1954. torno II.
NICOLAU, Marieta Lúcia Machado. A educação pré-escolar. fundamentos e didática. São Paulo: Ática, 1989.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Emílio ou da educação. São Paulo: Difusão Européia do livro, 1968.
Fiz um trabalho recentemente sobre Rousseau. Amei muito suas concepções.
ResponderExcluirMuito interessante👏👏
ExcluirÉ muito interessante essa trajetória da educação infantil, principalmente se futuramente você quiser ingressar em algum projeto envolvendo criança.
ExcluirÉ bom sabemos como as crianças eram vista,e a partir daí temos uma concepção de estudo que ao longo do tempo, foi desenvolvida o estudo pelo saber da criança, pois o processo desse estudo nos abri o conhecimento de ir mais profundo o ensino da criança
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